domingo, 25 de julho de 2010

O sentido

Às vezes não dá vontade de escrever, mas neste momento eu sinto que preciso me empenhar em retirar de dentro de mim algumas palavras sobre o que me motiva. Até comprei um caderno pequeno - e fino - para ir desenferrujando o meu ser. Emfim, eu já me importei demais se as pessoas iriam ou não gostar dos meus textos ou poesias, seja o que for. Não que eu esteja fazendo caso disso, mas é que hoje em dia eu sei que, em primeiro lugar, devo escrever como uma forma de destrinchar as minhas próprias questões internas. Assim, certamente irão sair muitas coisas somente inteligíveis somente a quem escreve, como muito já aconteceu,. Antigamente, minha escrita costumava ser completamente hermética, ao ponto de se tornar ininteligível. Mas final de contas, o que pode ser considerado normal neste mundo? Tem todo tipo de gente fazendo um sorte ilimitada de coisa,s, muitas delas fora do nosso entendimento. Tem escritores que gostam de desenvolver questões do cotidiano em seus textos, tudo aquilo que os rodeia. Eles observam tudo o que está do lado de fora e criar. Já outros preferem olhar para dentro e falam sobre como isso pode modificar o espaço circundante. Há quem goste de versar a respeito dos diferentes universos que comandam as nossas vida.

Independente disso, no fim do jogo todos acabam falando sobre aquilo que os toca de alguma maneira, ou melhor, é uma parte das suas almas. O sentido de escrever é viver isso, pois o que você é ou era, deixou de ser, está tudo naqueles registros. Quando morrer, excetuando-se aqueles que o conheceram intimamente, só vão saber quem você foi por aquilo que deixou, pela sua obra em vida. Ali estão presentes todas as suas inspirações, o seu ser permanece eternizado para quem continua. À medida que escrevo aqui, vou percebendo coisa que deixei passar anteriormente, aprendo mais. Esse é o sentido terapêutico da escrita. Quando eu era adolescente, fazia tanta poesia que era ser quase como se regurgitasse... E saía de tudo justamente porque eu ia colocando no papel o meu sentimento integral. Se hoje eu sou quem sou, foi pelo que costumava ser. A cada momento que me conscientizo do presente, sei que isso afeta meu eu futuro. Quando parei, parece que entupiu todo o encanamento. Como bem disse um filósofo, o qual não consigo me recordar no agora, "os deuses são vida, fluidez, movimento". A roda está sempre girando... Então preciso estudar, estudar, estudar. Preciso trabalhar, trabalhar, trabalhar. Preciso agradecer, agradecer, agradecer. Xô preguiça!

Agora eu vou pedindo licença que, apesar da hora estar bastante adiantada, ainda tenho certos atrasos para desatrasar. Eu prometo brincar mais com as palavras da próxima vez. Enquanto isso vou sentindo a vida naquilo que me alegra, mas também no que me entristece.



domingo, 18 de julho de 2010

Tudo é prática

Estudar é prática. Aprender é prática. Ensinar é prática. Rezar é prática. Ler é prática. Escrever é prática. Desenhar é prática. Criar é prática. Construir e desconstruir é prática. Plantar é prática. Fazer sexo é prática. Se relacionar é prática. Lavar, passar e cozinhar é práticar. Xadrez é prática. Tecnologia é prática. Organizar e arrumar é prática. Saber escolher é prática. Ser persuasivo e sedutor é prática. Beijar é prática. Respirar é prática. Yoga é prática. Tocar instrumentos musicais é prática. Ouvir é prática. Pintar é prática. Interpretar é prática. Calcular é prática. Solucionar problema é prática. Conquistar é prática. Vencer é prática. Dominar a mente é prática. Meditar é prática. Limpeza é prática. Trocadilho é prática. Agilidade é prática. Programar é prática. Fotografar é prática. Alimentação saudável é prática. Resistência é prática. Visão é prática. Cuidar é prática. Compreender o coração é prática. Seguir a intuição é prática. Desarmar os próprios medos é prática. Viver é prática. Tudo é prática.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Legião

Se fosse para fazer uma comparação, eu diria que esse filme parece uma mescla de resident evil com exterminador do futuro. Tinha tempo que eu não via tanta porcaria de uma só vez. Legião (Legion, 2010) é de apocalispe, anjos como seres demoníacos, possuindo corpos de umano, um anjo-rebelde-salvador-que-desobedece-um-deus-malvado com metralhadoras e uma mulher grávida de uma criança que pode salva o mundo. Tudo isso numa lanchonete de beira de estrada no deserto de Mojave em um só dia.

O filme começa com o Arcanjo Miguel caindo na cidade de Los Angeles e cortando as próprias asas. Ele invade um galpão de armas e leva um bocado de metralhadoras e sub-metralhadoras. Ele é abordado por dois policiais e faz um deles de refém. O outro fica possuido por alguma coisa estranha e mata o companheiro. Até aí nada de tão anormal. O problema é que daí em diante o filme começa a degringolar. Imagine uma lanchonete de beira de estrado do deserto de Mojave como o cenário principal e você vai compreender o que estou dizendo. Uma das cenas mais bizarras é quando uma velhinha chega de carro na tal lanchonete e pede um pedaço de carne mal-passada. Ela começa a ofender a garçonete - que está grávida -, dizendo que o bebê dela ia queimar no inferno e tal. Depois ofende uma outra mulher. Quando o marido dela vai tomar satisfações, ela assume uma face demoníaca, com uns dentes afiados, e arranca um pedaço do pescoço dele, depois anda pelo teto igual aquela mulher no exorcista.

A temática principal - Deus perdeu a fé na humanidade e mandou decidiu exterminá-la - é mais batida que carne de sol. Só que dessa vez ele resolve enviar anjos - que mais parecem demônios - para destruir a humanidade. Nesse ponto está a semelhança com resident evil, pois as pessoas ficam possuídas como zumbis, e os protagonistas enviam uma saraivada de balas, matando um após o outro. Eu também citei exterminador do futuro, pois há uma mulher grávida - Charlie -, cujo futuro da humanidade está nas mãos de seu filho. Quando o bebê nasce, o anjo gabriel vem para matá-lo... Enfim, é um filme medíocre e altamente não recomendável. Pior do que isso só Alien x Predador...

No final, como vocês podem imaginar, o bebê sobrevive e Deus recupera a fé na humanidade.

Experimentos de mim mesmo (II)

Analgésicos para a vida

O homem estava deitado no sofá de seu apartamento, falando sozinho.

- Olhei mil vezes para a aquela cartela de analgésicos que o médico me receitou. Tomo ou não tomo? Parece que tem uma voz ecoando na minha cabeça e dizendo para eu ingerir vários. Não, não! Devo estar ficando louco. Minha namorada está me ligando, mas eu não estou com vontade de atender... Ela acabou de terminar comigo e deve estar querendo me enrolar com aquela ladainha de preservar a amizade e tal... Ou será que está arrependida e quer voltar? Pra mim chega! Parece que a voz é a única que me entende. Tudo bem, tudo bem. Eu vou tomar os analgésicos. Talvez eles aliviem a dor que é viver. O quê? Miturar com bebida? Mas isso não é perigoso? Não? Se você diz então eu confio.

Ele então pega todos os comprimidos da cartela e abre uma garrafa de vodka, engolindo cada um deles em várias goladas.

- Agora seria bom um remédio pra dormir...

Depois de alguns minutos ele começa a ter alguma sensações estranhas, sente seu corpo esmorecer, um aperto no peito. Ele desmaia. Enquanto isso, seu celular tocava continuamente. mais de uma hora depois, alguém abre a porta do apartamento. Era uma mulher. Ela acende a luz e vê seu namorado jogado inerte no sofá junto à cartela de analgésicos e o álcool.

- O que você fez, meu amor? - Diz ela, enquanto sacode o corpo com esperaça de fazê-lo acordar.

Desespaerada, ela liga para a ambulância. Enquanto isso, ele estava fora de seu corpo, assistindo a tudo, pensando se deveria mesmo ter feito aquilo.

- Eu não atendi seus telefonemas e você veio até aqui... Que burrice eu fui fazer?

Ao olhar ao redor ele percebe que não estava sozinho. Havia uma figura medonha e toda descabelada ao seu lado, com dentes pontiagudos e olhos vermelhos.

- Olá! - Diz o ser, com uma voz arrastada.
- Quem é você?
- Sou aquela voz que estava na sua cabeça.
- Você me fez fazer aquilo... Eu... Eu... estou morto?
- Eu estava entediado e só queria me divertir um pouco, então me aproveitei que você é um fracote. Coitadinho...
- Cruz credo! Vade retro!
- Há, há, há! Você ainda não está morto, mas eu posso cuidar disso.
- Seu maldito! Não chegue perto de mim.

Ele sente uma dor muito forte e desmaia. Ao acordar, vê tudo branco ao seu redor e percebe que estava num hospital.

- Finalmente você acordou meu bem! Os médicos tiveram que desentoxicar seu organismo. O que você estava pensando, hein?
- Por favor me leve naquele centro espírita que você frequenta.
- O quê? Pensei que você detestasse essas coisas...
- É que eu vi um ser horrível enquanto estava desmaiado. Foi ele que me induziu a fazer aqui, se aproveitando da minha fraqueza. Ele queria que eu morresse...
- Deve ser algum obsessor... E ele quase conseguiu o que queria. Os médicos disseram que você não teve uma overdose por bem pouco. Espero que você me ouça mais de agora em diante.
- Melhor ouvir você do que aquela criatura monstruosa. Não vamos mais brigar, meu amor.
- Você sabe que eu quero o seu bem, mas não posso suportar mais esses seus vícios de álcool e cigarro. Como vai ser então? Eu ou as drogas?

terça-feira, 6 de julho de 2010

Experimentos de mim mesmo (I)

O escritor virtual

Lá estava aquele jovem sentado na escrivaninha, com um caderno à sua frente e uma caneta esferográfica entre os dedos da mão direita. Ele era do tipo que apreciava escrever uma boa história à moda antiga, mesmo se considerando um ser cibernético do século vinte e um, uma era completamente dominada por toda sorte de dispositivos eletrônicos, onde as pessoas podem se conectar umas às outras de infinitas formas. Fazia mais de uma hora que ele estava lá sem conseguir dar a luz a uma palavra sequer, pensando se não devia abrir seu notebook, logar no msn e conversar um pouco com sua amiga que morava a quilômetros de distância, só para saber o que ela andava produzindo por lá. Ou quem sabe entrar em seu blog; algumas vezes sentia mais facilidade em desenvolver sua escrita por lá. Se não fizesse nada disso, pelo menos iria abrir uma aba do firefox no youtube e entreter um poucos seus ouvidos. Isso frequentemente o inspirava a fazer novas composições, mesmo que uma parte delas só fosse inteligível a ele mesmo. Quem ligava... Decidiu fazer isso então. Digitou 'Yellow' na barra de pesquisas e deu play friamente no tocador. Essa música era de uma banda que lhe foi apresentada por sua amiga, a qual, alías, sempre lhe trazia muitas coisas boas. em função disso, volta e meia ele escrevia uns versos para ela, escondidos, é claro. Se ela soubesse, poderia confundir as coisas e quem sabe até se afastar. Não, definitivamente não. Ele a queria bem perto, muito mais do que ela poderia imaginar. Ah! Só de pensar seu coração se perdia em devaneios... Coisa de poeta. Ele então abriu o editor de texto e começou a digitar:

"Tenho andando ser vontade de escrever esses dias, ou melhor, estou parado na escrita. Às vezes sinto que deveria simplesmente deixar vir à tona o que quer que houvesse em minha mente, como costumava fazer na adolescência, mas o vazio que sinto é tão grande que absorve tudo à minha volta e me faz entrar em uma realidade paralela. Nesse caso, o melhor a fazer é ficar em silêncio, apenas ouvindo os invisível. Isso contudo, não é uma tarefa das mais fáceis para mim. Já me disseram que eu falo demais, e falo mesmo, atropelo verborragicamente e sempre acabo numa tragédia linguística. Acho que vou guardar todas as palavras numa caixa e enterrar no fundo do oceano. O que eu posso fazer se sou totalmente elétrico? Minha mãe me contou que quando eu era pequeno, enfiei uma agulha de tricô na tomada e fiz a luz inteira da casa acabar, mas fiquei lá, incólume. Agora eu estou vendo aonde foi parar toda essa energia... Alguem arrisca um palpite?"

Seu celular apitou de repente; era uma mensagem que tinha chegado daquela sua amiga. Dizia assim:

"Oi! Entra no msn para conversarmos um pouco. Estou morrendo de saudades!"

Ele ficou surpreso com a mensagem de texto, fez uma expressão que era uma mistura de um sorriso maroto com uma alegria incontida. Realmente, tinha tempo que eles não se falavam, pensou ele. Mesmo assim, nunca vira esse tipo de confissão saudosa por parte dela. Uns minutos depois e ele já estava logado.

- Ei! você recebeu minha mensagem então.
- Eu sempre recebo.
- Estava fazendo o quê?
- Tentando escreve algo que prestasse, mas só consegui uma catarse meio maluca mesmo.
- Ah! Também não ando muito inspirada. Há tempos que tento escrever meu livro de contos, mas a coisa não está fluindo.
- E eu o meu livro de poemas...
- Por falar em poemas, você me prometeu mostrar alguns dos seus e até agora nada, né? Seu enrolão!
- Calma, calma! Ainda posso me redimir?
- Claro, bobinho!
- Se a gente morasse mais perto um do outro a gente podia...
- O que?
- Esquece! Foi só um pensamento... Vou buscar aqui a poesia... Achei!
- Cadê?
- Aqui:

"Vou gritar até ficar rouco,
Vou gritar seu nome,
Vou gritar como um louco,
Vou gritar esse pronome
Pessoal, bem pessoal,

Que tem forma e cor,
Que exala um aroma de rosa,
Que pra mim traduz o amor,
Me inspira uma paixão calorosa,

Um sentimento que transpõe a distância
física, e mesmo tão distante
Está em completa ressonância
Como um coração pulsante"

- Que lindo! A mulher quer inspirou essa poesia tem muita sorte.
- E ela nem imagina... - pensa
- Espero que não seja aquela sua ex-namorada podreira.
- Não, não! Eu já me desprendi completamente daquela ferida cheia de pus e você me ajudou muito.
- Que nada! Você é forte, menino! Escreve um poema sobre a nossa amizade um dia?
- Você tem a minha palavra, menina. Apesar de estarmos assim tão longe, sua amizade é muito importante pra mim.
- E a sua também, mas eu sinto que um dia ainda iremos nos encontrar.
- Por que você acha isso?
- É apenas uma intuição.
- Sei... E aquela carta que você ficou de me escrever? Depois eu é que sou o enrolão.
- E é mesmo - dá uma leve risada -, mas não se preocupe que eu já postei o correio ontem.
- Preciso ir.
- Já? Nem deus pra matar as saudades, seu coiso.
- A gente se fala em breve. Um beijão na sua testa.
- Um maior ainda na ponta do seu nariz.

Ambos começam a rir. Ele desloga do msn e em seguida abre uma aba e digita o endereço do site de uma companhia aérea.

- É... Talvez você esteja mais certa do que pensa, pequenina.