quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Identidade persistente


"Essa ideia de uma identidade persistente fez você vagar impotente pelos reinos inferiores do samsara por incontáveis vidas passadas. É exatamente isso que agora impede que você e os outros se libertem da existência condicionada. Se pudesse simplesmente largar esse pensamento sobre o “eu”, você descobriria que é fácil ser livre e libertar os outros também.

Se superar a crença em um eu verdadeiramente existindo hoje, você se iluminará hoje. Se superar isso amanhã, se iluminará amanhã. Mas se nunca superar isso, nunca ganhará a iluminação.

Este “eu” é apenas um pensamento, uma sensação. Um pensamento não possui inerentemente nenhuma solidez, forma ou cor. Por exemplo, quando um sentimento forte de raiva surge na mente, com tal força que você quer brigar e destruir alguém, o pensamento raivoso está empunhando alguma arma? Ele poderia liderar um exército? Poderia queimar alguém como o fogo, esmagar como se fosse uma pedra ou levar embora como um rio?

Não. A raiva, como qualquer outro pensamento ou sentimento, não tem existência verdadeira. Não pode nem ser definitivamente localizada em qualquer lugar do corpo, fala ou mente. É como vento no espaço vazio. Em vez de permitir que tais pensamentos selvagens determinem o que você faz, olhe para a vacuidade essencial deles.

Por exemplo, você pode se encontrar repentinamente cara a cara com alguém que você imagina querer te ferir, e surge uma forte sensação de medo. Mas assim que você se dá conta de que a pessoa, na verdade, tem apenas boas intenções em relação a você, seu medo desaparece. Foi apenas um pensamento."

Dilgo Khyentse Rinpoche (Tibete, 1910 – Butão, 1991)
“The Heart of Compassion”, v. 13

Fonte: Samsara

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